De fato a maior parte das músicas
populares atuais, sem restrição de gêneros, traz uma riqueza de letras
paupérrimas em seu conteúdo. Perece que, como diz o meu avô, com certo ar
orgulhoso, estas jamais serão como as antigas, exorbitadas de poesia, conteúdo
e temas, mesmo que 95% deles fosse o amor com suas eternas dores de cotovelo.
Ainda assim, os outros 5% eram preenchidos do Cálice, de Chico Buarque, “rendido”
à censura, ou dos antigos rocks, que por incrível que pareça, eram mais
desbocados e abusados que os atuais, e nem por isso menos valorosos, muito pelo
contrário, davam mais com a língua nos dentes, abraçavam seus ideais com tal
gosto que até os maiores sambistas, regueiros, forrozeiros, ou seja, lá quem
fosse, certamente ao ter contato com aquelas músicas, sentiriam, nem que por um
segundo, uma vontade de meter uma camisa preta no peito e abraçar a causa. Ah,
o rock... certamente era, e ainda é a forma mais rasgada de expressão dos temas
revoltosos, desde a política até o estilo de vida dos sujeitos inseridos no
sistema.
Mas toda essa crítica tampouco
importa, já que ao que parece não há competição com o passado. Não há um número
considerável de produções, compositores ou cantores que procure superar o
registro musical histórico, seja em nível de Brasil ou de resto do mundo. Os
sedentos que se virem. Façam suas bibliotecas e sejam felizes.
Tamiris Vescovi Casotto