sábado, 13 de abril de 2013

O popular de hoje e o popular de antes

De fato a maior parte das músicas populares atuais, sem restrição de gêneros, traz uma riqueza de letras paupérrimas em seu conteúdo. Perece que, como diz o meu avô, com certo ar orgulhoso, estas jamais serão como as antigas, exorbitadas de poesia, conteúdo e temas, mesmo que 95% deles fosse o amor com suas eternas dores de cotovelo. Ainda assim, os outros 5% eram preenchidos do Cálice, de Chico Buarque, “rendido” à censura, ou dos antigos rocks, que por incrível que pareça, eram mais desbocados e abusados que os atuais, e nem por isso menos valorosos, muito pelo contrário, davam mais com a língua nos dentes, abraçavam seus ideais com tal gosto que até os maiores sambistas, regueiros, forrozeiros, ou seja, lá quem fosse, certamente ao ter contato com aquelas músicas, sentiriam, nem que por um segundo, uma vontade de meter uma camisa preta no peito e abraçar a causa. Ah, o rock... certamente era, e ainda é a forma mais rasgada de expressão dos temas revoltosos, desde a política até o estilo de vida dos sujeitos inseridos no sistema.
Mas toda essa crítica tampouco importa, já que ao que parece não há competição com o passado. Não há um número considerável de produções, compositores ou cantores que procure superar o registro musical histórico, seja em nível de Brasil ou de resto do mundo. Os sedentos que se virem. Façam suas bibliotecas e sejam felizes.
Tamiris Vescovi Casotto
 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

segunda-feira, 16 de julho de 2012

E o que é o teatro?..

Ainda não produzi o meu conceito a respeito do que é de fato o teatro, mas tenho pra mim que essa manifestação artística é feita para os ambiciosos. São estes os que não se conformam em ser o que são. Não cabem no seu espaço físico nem psicológico. É um pássaro que não tem asas e quer voar. Para tal ato inventa-as e quando se vê voando, ainda que falso, delicia-se e sonha.






Tamiris Vescovi Casotto


domingo, 8 de abril de 2012

sexta-feira, 9 de março de 2012

João e Martha

João gostava de Maria.
Maria gostava de João.
João aguardava por Maria.
Maria aguardava por João.
Um esperava o outro.
O outro esperava o um.
Esperavam.
João se casou com Martha.
Maria se casou com José.
E viveram.



quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Os Sentidos

Não era difícil definir os males que levariam os homens à decadência. As hipóteses eram muito óbvias. Qualquer um que vivia naqueles dias poderia fazê-las.
Não só a falta de recursos como a água, a comida, mas também a falta do amor, do pudor, do respeito...
E lá se vai.
Mas erguia-se naquele tempo outro mal subentendido, a respeito do qual ninguém fazia ideia.
Era este a ausência de sentido.
Padeciam pela falta de sentido.

Eles saiam de casa toda manhã, para ir a lugares indesejados, fazer aquilo que não gostavam e durante horas.
Mas nesses momentos a necessidade se fazia justificativa.
Era preciso trabalhar para comer, pagar contas e se possível divertir-se.
Mas só suprimir o básico não é suficiente.
Não é o homem o animal que tempera sua comida para comê-la?
E não apenas a come. Saboreia-a.
Não basta pão e água, é preciso mais.
Então iam à busca do lazer.
Em suas casas ligavam a TV por horas seguidas, a qual falava abobrinhas às paredes e a qualquer outro que quisesse se unir ao sofá, que era todo ouvidos também.
Ansiavam pela noite, salvadora do dia, e de toda semana chata.
Saíam. E por mais diferentes que parecessem, eram os mesmos lugares, mas sempre com pessoas diferentes, que pareciam sempre as mesmas pessoas. Um sábado e só.
E o lazer perdia sentido.

E então procuravam o amor,
mas escasso naquele tempo, as pessoas já não se olhavam nos olhos, passavam apressadamente entre si, ainda que se vissem com freqüência.
Ah os jovens! Buscavam-no nas aglomerações. Frustrados bebiam e dançavam e beijavam-se.
O que já não fazia sentido também. Era vazio.
Mas lembrem-se de que o homem faz o uso do sal.
Logo, ainda que demorasse, acabavam por encontrar outro alguém.
Então se casavam.
E o tempo repetia-se, e tudo virava rotina.
Comer, trabalhar, lazer, amor...

E os sentidos perdiam-se
E aí vinha a vontade de mudar, de reformulá-los
Mas esta fora suprimida pelo tempo, julgamentos e condicionamentos.
E os homens viam-se velhos
E conformavam-se
E morriam conformados.
E morriam como as gerações passadas.    


Tamiris Vescovi Casotto